Fintechs suspeitas de fraude bilionária lavaram dinheiro do PCC e esconderam valores para empresa de ônibus, diz PF

  • 29/08/2024
(Foto: Reprodução)
Investigação aponta que o esquema de lavagem de dinheiro permitiu o financiamento de vários crimes, incluindo o tráfico de drogas. UPBus é suspeita de envolvimento com a quadrilha. Entenda relatório da Justiça sobre esquema de fraudes bilionárias que prendeu 14 A organização criminosa investigada pela Polícia Federal (PF) na Operação Concierge, que apontou fraude bilionária com o uso de fintechs, é suspeita de lavar dinheiro do tráfico de drogas e esconder valores para a UPBus, empresa de ônibus suspeita de envolvimento com o PCC. Na decisão que autorizou os 17 mandados de prisão cautelar e os 60 mandados de busca e apreensão, constam ao menos dois vínculos entre fintechs e a facção criminosa que atua em São Paulo (SP). 📱 Receba as notícias do g1 Campinas no WhatsApp Segundo a PF, a forma de atuação da organização criminosa era parecida em quase todas as transações. A suspeita é que os investigados utilizavam contas nas fintechs e operações a partir de máquinas de cartão de crédito para movimentar valores sem que esses entrassem no sistema financeiro oficial. Com essa "invisibilidade", o dinheiro ficava imune a bloqueios judiciais de processos criminais de lavagem de dinheiro e de ações tributárias de dívidas ativas. "Esse esquema de lavagem de capitais permitiu o financiamento e, portanto, a continuidade de inúmeros crimes antecedentes, já expostos, sendo um deles o de tráfico de entorpecentes, gerando prejuízos sociais imensos", diz parecer do Ministério Público Federal. Agentes da PF cumprem mandados judiciais na Operação Concierge Polícia Federal Veja abaixo a relação entre as fintechs e seus sócios com a facção criminosa: UPBus O primeiro apontamento é em relação à UPBus, empresa de ônibus investigada pelo Ministério Público Estadual por suspeita de lavar dinheiro do tráfico de drogas. A investigação da PF aponta que a UPBus utilizou a fintech T10 Bank, de Campinas (SP), para esconder dinheiro do sistema financeiro e assim evitar bloqueio deles. De acordo com a PF, essa blindagem do dinheiro era necessária porque, além de ser alvo de investigação criminal, a empresa ainda tem dívida milionária de impostos com a Receita. "O fato de a empresa UPBUS possuir mais de R$ 61 milhões em débitos tributários inscritos em dívida ativa da União, justificaria a utilização dos “serviços” fornecidos pela T10 BANK, de “impenhorabilidade” de suas contas bancárias”, diz. Como conclusão, a Polícia Federal aponta em que há indícios que a T10 Bank atuou para blindar o dinheiro de tráfico de drogas do PCC de possíveis bloqueios judiciais. Foram cerca de R$ 4,5 milhões em transações consideradas suspeitas. Procurada, a UPBus não respondeu até a última atualização desta reportagem. A T10 Bank ainda não se manifestou sobre a operação e não retornou o contato do g1. Entenda o esquema que usava contas em bancos tradicionais para enganar sistema financeiro Sócio oculto Sócio da T10 Bank, Denis Arruda Ribeiro é apontado pela Polícia Federal como suspeito de ligação com a facção criminosa. Segundo a investigação, ele é sócio oculto da Yespay, uma fintech investigada por lavar dinheiro de criminosos ligados ao PCC. O outro sócio oculto da Yespay seria, segundo a investigação, Aedi Cordeiro. No relatório, a Polícia Federal afirma que os dois, usando pessoas jurídicas de fachadas, operavam na lavagem de dinheiro. “A estreita relação entre Aedi Cordeiro dos Santos e Denis Arruda Ribeiro fazendo o uso de pessoas jurídicas de fachada para operar o branqueamento de capitais para terceiros e obter lucro, ainda que seus clientes sejam integrantes da facção criminosa paulista (PCC)". Ao g1, a defesa de Aedi afirmou que não é sócio oculto desse empresa de pagamentos. "Ele é contador. Não tem envolvimento com as operações dessa empresa. A inocência dele será esclarecida no curso da investigação", diz a nota assinada pelos advogados Danilo Campagnollo Bueno e José Sérgio do Nascimento Júnior. A defesa de Denis também negou as acusações e disse que "é inverídica a suposição de ligação do investigado com a citada empresa". "As investigações sequer foram concluídas, inúmeras diligências restam pendentes de produção, o que demonstra ser uma informação que não condiz com a realidade e ilegalmente apressada.Trata-se de investigação sob sigilo, o que impede a Defesa discutir e antecipar provas, sendo certo que, oportunamente, será comprovada a total improcedência", disse ao g1 o advogado Marcelo Vicentini Uso de máquinas da Inovepay Ainda segundo a investigação, as máquinas de cartão de crédito da Inovepay, fintech alvo da operação nesta quarta-feira, foram utilizadas por empresas de fachada e pessoas físicas ligadas ao tráfico de drogas. Um dos suspeitos de envolvimento com o PCC recebeu R$ 700 mil a partir de máquinas da Inovepay sem isso constar no extrato de operações. "Ficou claro que as movimentações financeiras realizadas por intermédio da T10 BANK e da InovePAY eram destinadas à ocultação e dissimulação de patrimônio proveniente de crimes como tráfico de entorpecentes e sonegação tributária, dentre outros", diz um parecer Ministério Público Federal. Ao g1, a Inove Global Group, dona da Inove Pay, negou "veementemente" os fatos imputados pela Polícia Federal e ressaltou que as medidas tomadas pela investigação "foram unilaterais, sem que os argumentos da empresa fossem ouvidos". "Comprometidos com princípios éticos, o Inove Global Group e seu sócio atuam no ramo da tecnologia ligada a meios de pagamento há mais de sete anos, buscando trazer inovação e acessibilidade para seus clientes, e jamais estiveram ligados a qualquer atividade criminosa, colocando-se à disposição das autoridades para colaborar com o deslinde das investigações, a fim de que os fatos sejam esclarecidos em sua integralidade", diz a nota. A operação Carros apreendidos chegam ao pátio da Polícia Federal em Campinas Márcio Silveira/EPTV A Operação Concierge foi flagrada na manhã desta quarta-feira. As 14 prisões foram feitas nas casas dos investigados em Campinas (SP), São Paulo (SP), Ilhabela (SP), Sorocaba (SP) e Americana (SP). As apreensões ocorreram em vários estabelecimentos, incluindo lojas de veículos. A Justiça ainda autorizou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas associadas à organização criminosa. Sob escolta, carros de luxo apreendidos foram levados ao longo do dia para o pátio da PF em Campinas e para um estacionamento alugado pela corporação. São utilitários esportivos e carros esportivos de marcas de luxo, como Porsche, Land Rover, BMW, Volvo e Mercedes-Benz. Ainda de acordo com a PF, os agentes também apreenderam jóias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito, além de documentos, celulares e computadores. Os itens devem passar por perícia e depois ficarão depositados em uma conta judicial. Sócios das empresas entre os presos O g1 apurou que as empresas investigadas na operação são a Inovebanco e a T10 Bank. Os sócios das duas companhias, Patrick Burnett e José Rodrigues, respectivamente, foram presos nesta quarta. Patrick Burnett, CEO do Inovebanco, e José Rodrigues, fundador do T10 Bank Reprodução A EPTV, afiliada da TV Globo, e o g1 tentaram contato com a T10 Bank para tentar um posicionamento da defesa, mas não tiveram retorno. A Inove Global Group afirmou que os advogados da empresa tiveram acesso ao conteúdo da investigação nesta quinta. "A empresa nega veementemente ter relação com os fatos mencionados pelas autoridades policiais e veiculados pela imprensa, o que ficará demonstrado ao longo do processo. E ressalta sua total disposição em colaborar com as investigações", diz a Inove, em nota. Como funcionava o esquema? As fintechs investigadas possuem uma conta corrente como pessoa jurídica em um banco comercial tradicional. Essa conta é chamada de “bolsão” e serve para fazer transações com o dinheiro de seus clientes de forma “invisível”, pois é praticamente impossível rastreá-las. Veja o exemplo abaixo: A pessoa física “A” tem contas bloqueadas e quer se manter ativa no mercado financeiro, fazendo transações, recebendo e enviando valores. Ela, então, abre uma conta com a fintech e a controla por meio de um aplicativo; Essa pessoa “A” faz uma transferência para a pessoa “B” por meio desse aplicativo; A fintech, por sua vez, tem uma conta corrente como pessoa jurídica em um banco comercial tradicional; Quando transfere um valor para a pessoa “B” por meio da fintech, na verdade, a pessoa “A” está transferido para a conta jurídica que a fintech tem no banco comercial. Como a pessoa “A” não tem vínculo com o banco comercial, seu nome não aparecerá no extrato, mas, sim, a fintech titular da conta. A transferência para a pessoa “B”, por sua vez, aparece no extrato tendo como origem a pessoa jurídica da fintech e não a pessoa “A”. Nesse esquema, a pessoa “A” fica invisível e pode manter seu patrimônio livre de restrições. A investigação aponta que o volume de dinheiro movimentado a crédito pelas duas fintechs, entre 2020 e 2023, foi de R$ 3,5 bilhões, segundo a Polícia Federal. 'Concierge' Os investigados vão responder por gestão fraudulenta de instituições financeiras, operação de instituição financeira não autorizada, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária e organização criminosa. O nome da operação, "Concierge", é uma palavra francesa que denomina o profissional que atende necessidades específicas de clientes e faz alusão à oferta de serviços clandestinos para ocultação de capitais. VÍDEOS: tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias da região no g1 Campinas

FONTE: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/08/29/pf-diz-que-fintechs-suspeitas-de-fraude-bilionaria-lavaram-dinheiro-do-pcc-entenda-esquema.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Top 5

top1
1. Old And Wise

Alan Parsons Project

top2
2. (The System of) Dr. Tarr and Professor Fether

Alan Parsons Project

top3
3. On the Road Again

Canned Heat

top4
4. Going Up The Country

Canned Heat

top5
5. Frankenstein - Single Version

Edgard Winter

Anunciantes